Roberto Simioni, economista-chefe da Blue3 Investimentos, não vê uma tendência de subida da Selic até o final do ano. Para ele, o COPOM deve manter a atual taxa de juros até o término da gestão do atual do Banco Central, com Roberto Campos Neto. Entretanto, essa confirmação de cenário poderá ser revista a partir da declaração do COPOM, que poderá dar outras indicações com foco no controle de juros no país.
Segue a nota do economista-chefe:
Os desafios do ambiente econômico são similares aos enfrentados na última ata do COPOM. No ambiente externo, vemos bancos centrais buscando a convergência das suas respectivas inflações às metas dentro de um cenário ainda pressionado pelo mercado de trabalho e por dados de atividade econômica que precisam ser melhorados.
No âmbito local, o efeito positivo de todo o processo de redução de juros promovido pelo Banco Central nos últimos meses, a retomada da atividade nos últimos trimestres e o crescimento da oferta de crédito, aquece o consumo. Porém, temos um maior endividamento das famílias, o que coloca (aos poucos), o futuro da inflação sob uma condição mais desafiadora. Diante disso, o Banco Central ajustou suas projeções de inflação para 2024 e 2025.
Nesse panorama, a Selic deve ser mantida estável na próxima reunião do COPOM, pois os dados recentes do IPCA não possuem força para indicar novas reduções da taxa até o final do ano. Ainda, o COPOM tem destacado em suas atas a importância de reancorar as expectativas de inflação independentemente de quais sejam as origens dessa desancoragem, optando pela manutenção da taxa de juros em 10,5% pelo tempo que for necessário.
É necessário que haja uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, sem isso, não haverá processo de ancoragem das expectativas inflacionárias ou redução do prêmio de risco dos ativos financeiros. Sem esse esforço coordenado de política monetária e de política fiscal, a desancoragem das expectativas criará para dentro do segundo semestre e do início de 2025 um ajuste nos preços dos ativos, diante do cálculo de risco, e a perda de uma oportunidade de crescimento econômico.