Problemas financeiros nas empresas estão no topo das preocupações entre os empresários brasileiros, principalmente entre as pequenas e médias empresas (PMEs).
Pesquisa focada no varejo brasileiro mostrou que 98% das empresas analisadas apontaram ter alguma dificuldade financeira como: dificuldades de investimento no negócio, problemas ao separar contas pessoais das contas da empresa e conseguir crédito para investir no crescimento do negócio.
Com ampla experiência no ambiente corporativo, atuando como advisor à frente daMORCONE Consultoria Empresarial, ajudando empresas, com destaque para as familiares, Carlos Moreira aborda sobre como os problemas financeiros podem afetar, inclusive, o desempenho dos negócios.
Problemas financeiros nas empresas afetam diretamente seu desempenho
Se problemas financeiros impactam pessoas em nível individual, imagine a potencialização deste efeito sobre uma empresa!
Uma vez que problemas financeiros nas empresas são uma realidade, é de conhecimento de todas as esferas do negócio as dificuldades para conseguir reverter a situação e naturalmente um clima de tensão é instaurado, principalmente sobre as pessoas na equipe.
Quando as empresas enfrentam problemas financeiros, uma das principais medidas adotadas é reavaliar o quadro de funcionários e os salários. Essa situação gera tensão, que se manifesta na queda da produtividade e no aumento da rotatividade. Diante da incerteza, muitos profissionais se sentem desmotivados e começam a buscar melhores oportunidades de trabalho.
Em um cenário de dificuldades financeiras, o clima organizacional é inevitavelmente impactado. A melhor forma de reduzir a tensão entre as pessoas e promover um senso de valorização, mesmo em tempos de crise, é por meio de uma comunicação eficiente e de medidas que possam beneficiar ambas as partes em curto prazo, até que a situação delicada seja superada.
A incerteza gerada por uma comunicação ineficaz que não inclui as equipes de trabalho no processo de reestruturação financeira da empresa, ou seja, que não promove o engajamento de todas as partes leva a um sentimento de não pertencimento e desmotivação.
O melhor caminho da empresa que deseja ter um melhor desempenho no mercado é agir com transparência e não ignorar seus problemas assim que surgem, optando por solucioná-los o quanto antes.
Além disso, diante da crise, a proteção aos profissionais (talentos) demonstra a responsabilidade social, fundamental como parte da vivência da governança corporativa sólida.
O que é a reestruturação financeira? Entenda e implemente o quanto antes
Recentemente abordei em um artigo sobre a reestruturação financeira aplicada a partir de pequenas mudanças dentro da realidade da empresa.
A aplicação e metodologias utilizadas irão depender da realidade de cada negócio, mas no geral, precisam seguir o caminho:
Avaliação da realidade empresarial– será necessário revisar os fatores financeiros e operacionais na empresa;
Redefinição de metas– que consiste em recalcular os objetivos de longo prazo do negócio, o que demanda novas estratégias, metodologias e recursos;
Aperfeiçoamento de processos operacionais– muitos problemas de caixa podem ter sua origem em problemas operacionais, que incluem cadeia de suprimentos e processos;
Renegociação de dívidas– renegociar junto aos credores é essencial com a finalidade de estender prazos, reduzir taxas de juros e até mesmo parte da dívida;
Redução de custos– a revisão e corte de despesas operacionais é imprescindível; e vale ressaltar que a otimização de operações também resulta em redução de custos de produção e operação;
Melhorias no fluxo de caixa– muitos negócios, principalmente as PMEs falham no gerenciamento de contas a pagar e a receber, essencial para a sustentabilidade da empresa no mercado;
Reestruturação organizacional– em que estruturas internas são reavaliadas, incluindo metodologias, gestão de pessoas, etc.;
Comunicação e engajamento– como já mencionada é imprescindível manter informados todos os envolvidos no processo sobre os desafios e progresso uma vez que a reestruturação financeira está em andamento;
Execução e implementação de ações – que demanda colocar em prática todas as ações definidas no plano de reestruturação, assim como a supervisão do processo e ajustes, quando necessário.
Para alcançar a sustentabilidade empresarial tenha o apoio certo
No momento da crise, a quem você recorre? Muitos empresários optam por se aconselhar com figuras que pouco podem auxiliar em um momento delicado como, por exemplo, uma instituição financeira que tem o objetivo principal de vender determinado produto; com um amigo que não tem nenhum compromisso com os resultados do negócio, entre outros exemplos.
O conselho consultivo (CC) é a melhor maneira de obter o reforço profissional e a visão externa necessária para as mudanças que a empresa precisa.
Diferente do conselho de administração, o conselho consultivo não tem poder decisório, mas cumpre o importante papel de recomendar ações que podem ser acatadas ou não pelos sócios proprietários da empresa.
A atuação do CC é como um “assessoramento” dos líderes da empresa para que possam tomar as melhores decisões estratégicas no negócio.
Muitos empresários costumam ter a crença de que o conselho consultivo custa caro ao negócio, mas parafraseando o conselheiro Walter Longo em sua participação no podcast “Os Conselheiros” produzido pela Board Academy, caro é não ter um conselho consultivo.
Se as pessoas representam a empresa por meio de seus talentos (técnicos e de soft skills), pensar inicialmente em corte de pessoas ou em redução salarial, seria a melhor opção, tendo em vista os impactos sobre o desempenho da empresa?
Muitos empresários, sem orientação, tomam decisões emergenciais sem a devida análise profissional, o que impacta em resultados insatisfatórios e o mais preocupante: na piora dos problemas financeiros enfrentados.
Em empresas familiares é comum que os sócios atuem no negócio sem as devidas habilidades técnicas fundamentais no dia a dia da empresa, em um modo informal, em que as decisões são tomadas sem critérios consistentes baseadas na realidade “verdadeira” da empresa e do mercado.
O conselho consultivo costuma ser a primeira experiência do negócio com uma estrutura de governança corporativa e profissionalização da gestão, sendo um órgão fundamental para oferecer perspectivas de profissionais experientes que estão “de fora” do negócio, ou seja, possuem visão aguçada para identificar os pontos cegos do negócio.
Em casos de problemas financeiros nas empresas, a busca imediata por apoio especializado é crucial para agilizar o processo de recuperação do negócio. Vivemos em um mundo regido por mudanças frenéticas e não lineares que requer estratégias assertivas de curto e médio prazo e a projeção de futuro do negócio.
E para concluir, peça conselho a quem de fato é treinado para essa finalidade, recorra ao conselho consultivo!
Carlos Moreira– Há mais de 37 anos atuando em diversas empresas nacionais e multinacionais como Manager, CEO (Diretor Presidente), CFO (Diretor Financeiro e Controladoria), CCO (Diretor Comercial e de Marketing). e Conselheiro Consultivo.